- O debate tem sido o maior desafio enfrentado, refletindo o grande problema da educação formal que Paulo Freire sempre denunciou: no lugar de estabelecer comunicação, oferecemos comunicados em monólogos detentores da verdade que fazem do estudante mero espectador no lugar de sujeito ativo do processo de construção coletiva do conhecimento. A falta, na sala de aula, de dialogo no sentido da maiêutica de Sócrates, que incentive ao estudante a se questionar sobre sua própria realidade, a observar criticamente o mundo ao redor, em definitivo a ler o mundo segundo nos fala Freire, mina tanto a coragem do estudante para externalizar seus pensamentos quanto sua capacidade de autonomia para se colocar com suas próprias palavras. Se a leitura do mundo implica um processo permanente de decodificação de mensagens, contextualização e articulação das informações, cabe à escola ensinar o aluno a lê-lo também por meio de outras linguagens, ja que a escola constitui lugar de reflexão acerca da realidade, seja ela local, regional, nacional ou mundial, fornecendo instrumental capaz de permitir ao aluno a construção de uma visão organizada e articulação do mundo (PONTUSCHKA et. Al. 2007, p.262) .
Esta falta de critica foi muito
evidenciada em filmes muito próximos a realidade dos estudantes. Assim Uma onda no ar, a Rádio Favela que fala do povo na
linguagem do povo e luta para resolver problemas aparentemente simples da
população, com o espírito da liderança do rádio – “de lançar uma onda no ar e
fazer o mundo mudar”, provocou o mutismo que nos remete a cultura do silencio
da que nos fala Freire. Ainda o documentário Quebrando o tabu, com
relato de pessoas comuns que tiveram suas vidas atingidas pela Guerra às Drogas, pensado para provocar debate sobre
um dos problemas mais graves do município, que afetam diretamente aos jovens itaparicanos,
não conseguiu quebrar o tabu, principalmente entre os professores, que não
incentivaram a participação dos estudantes e foi exibido na ausência deles - ausência
que nos faz lembrar dessa tendência a evitar o conflito, também característica
da cultura do silencio.
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