segunda-feira, 14 de março de 2016

Debate: o grande desafio

  • O debate tem sido o maior desafio enfrentado, refletindo o grande problema da educação formal que Paulo Freire sempre denunciou: no lugar de estabelecer comunicação, oferecemos comunicados em monólogos detentores da verdade que fazem do estudante mero espectador no lugar de sujeito ativo do processo de construção coletiva do conhecimento. A falta, na sala de aula, de dialogo no sentido da maiêutica de Sócrates, que incentive ao estudante a se questionar sobre sua própria realidade, a observar criticamente o mundo ao redor, em definitivo a ler o mundo segundo nos fala Freire, mina tanto a coragem do estudante para externalizar seus pensamentos quanto sua capacidade de autonomia para se colocar com suas próprias palavras. Se a leitura do mundo implica um processo permanente de decodificação de mensagens, contextualização e articulação das informações, cabe à escola ensinar o aluno a lê-lo também por meio de outras linguagens, ja que a escola constitui lugar de reflexão acerca da realidade, seja ela local, regional, nacional ou mundial, fornecendo instrumental capaz de permitir ao aluno a construção de uma visão organizada e articulação do mundo (PONTUSCHKA et. Al. 2007, p.262) .





Esta falta de critica foi muito evidenciada em filmes muito próximos a realidade dos estudantes. Assim Uma onda no ar, a Rádio Favela que fala do povo na linguagem do povo e luta para resolver problemas aparentemente simples da população, com o espírito da liderança do rádio – “de lançar uma onda no ar e fazer o mundo mudar”, provocou o mutismo que nos remete a cultura do silencio da que nos fala Freire. Ainda o documentário Quebrando o tabu, com relato de pessoas comuns que tiveram suas vidas atingidas pela Guerra às Drogas, pensado para provocar debate sobre um dos problemas mais graves do município, que afetam diretamente aos jovens itaparicanos, não conseguiu quebrar o tabu, principalmente entre os professores, que não incentivaram a participação dos estudantes e foi exibido na ausência deles - ausência que nos faz lembrar dessa tendência a evitar o conflito, também característica da cultura do silencio.

Em realidade, podemos concluir da experiência que, mesmo que graças ao grande esforço da diretora de uma das escolas publicas de segundo grau, tivemos uma frequência razoável de jovens no cineclube do segundo semestre de 2015, a resistência maior foi encontrada dentre a maioria dos professores de ensino secundário, que tiveram dificuldades para acompanhar o projeto e entende-lo, ainda em alguns casos enxergando o cinema como motivo de evasão escolar.

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